Oito em cada 10 (82%) endividados manifestam sintomas na saúde física ou mental devido à piora da qualidade de vida pelo atraso no pagamento das contas, de acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, com brasileiros que possuem contas em atraso há pelo menos três meses.
Dentre os principais sintomas relatados pelos entrevistados estão alterações no sono (66%), falta de vontade de sair e socializar (60%) e alterações no apetite (51%). Além disso, uma parcela significativa utiliza vícios como cigarro, comida, álcool (37%) e compras impulsivas (26%) para lidar com a ansiedade proveniente das dívidas.
Os sintomas estão intimamente ligados ao agravamento do padrão de vida devido às dívidas, afetando nove em cada dez entrevistados (88%), conforme apontado pela pesquisa. A inadimplência também impacta negativamente o estado emocional, sendo que 97% dos entrevistados manifestaram sentir preocupação, ansiedade, estresse, angústia e vergonha devido à situação.
A maioria dos consumidores endividados (70%) tentou obter algum tipo de crédito no último ano, sendo que 53% buscavam pagar dívidas e 23% pretendiam adquirir bens. Aqueles que não procuraram empréstimos pertencem predominantemente às classes C, D e E, com renda mais baixa.
Dos que tentaram obter crédito, 75% foram bem-sucedidos, sendo os empréstimos (39%), cartões de crédito (21%) e cheque especial (15%) as modalidades mais utilizadas. No entanto, 24% não conseguiram a liberação do crédito.
O medo mais comum em relação às dívidas é a incapacidade de pagar as contas em atraso (34%), seguido pela preocupação com a reputação de desonesto (10%) e a necessidade de reduzir o padrão de vida (9%) para saldar as dívidas.
A especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, destaca que a situação de desespero levou muitas pessoas endividadas a buscarem alternativas que podem agravar ainda mais sua situação financeira, como jogos de aposta online e empréstimos de dinheiro fácil. Isso pode levar o consumidor a um ciclo vicioso de dívidas.
As dívidas em atraso não afetam apenas o bem-estar físico e emocional, mas também têm impacto nas relações sociais e profissionais dos inadimplentes. Mais da metade dos entrevistados (56%) afirmaram que as dívidas prejudicaram suas relações sociais, provocando irritação, descuido com a família e menor tolerância com colegas de trabalho.
No ambiente profissional, 57% dos endividados relataram problemas após a inadimplência, como perda de produtividade, desatenção e impaciência com os colegas. Em suma, as dívidas em atraso têm um efeito multifacetado na vida dos indivíduos, afetando não apenas sua saúde física e mental, mas também suas relações interpessoais e desempenho profissional.

Henrique Pazin – Conhecido como “HP”
Assessor de imprensa e redator desde 2012, viajante & workaholic