Na semana passada, tive o prazer de ministrar uma aula sobre finanças comportamentais no curso para jornalistas patrocinado pelo jornal Valor Econômico. Uma iniciativa bem bacana que visa formar profissionais para a cobertura de assuntos ligados à economia e finanças.
Para evitar uma aula muito teórica, o desafio foi abordar o assunto pela lente das apostas, tema quente que tem gerado muitas discussões, desde o modelo de regulação adotado até os danos causados à população, como o acúmulo de dívidas. Escrevi dois artigos sobre o tema neste espaço que você pode ler nos links abaixo.
Resumidamente, por trás do vício em apostas encontramos uma propaganda massiva, focada em temas próximos aos apostadores, como futebol, com a participação de celebridades e subcelebridades, envolvidas em luxo com o claro propósito de ativar os circuitos do excesso de confiança e ilusão de controle. Para aumentar ainda mais o potencial de atração, a facilidade de uso por meio do celular e a interação mais lúdica dos aplicativos estão a favor.
Tudo isso junto monta um cenário no qual o apostador se torna principal. Apesar de não ser muito diferente do que ocorre nos cassinos, o poder destrutivo pode ser maior quando se considera a escala.
Um dos pontos que me chamou a atenção na discussão com os jovens jornalistas foi o interesse em relação ao modelo de autorização das apostas, especialmente no valor a ser pago para operar no Brasil.
Em meio ao afã arrecadatório do atual governo, é plausível especular que o interesse em autorizar as apostas tenha sido motivado pela necessidade de gerar receita para enfrentar um rombo fiscal em crescimento. Este pode ter sido um dos motivos, mas não parece ser o mais relevante. Entretanto, alguns participantes expressaram a opinião de que o valor de R$ 30 milhões seria pequeno em comparação com o faturamento dessas empresas.

Henrique Pazin – Conhecido como “HP”
Assessor de imprensa e redator desde 2012, viajante & workaholic