Brasileiros acreditam que é possível incluir o cartão de crédito no planejamento financeiro. Será? | Educação financeira

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Um dos principais fatores de endividamento entre os brasileiros pode contribuir para a organização financeira? Em geral, a percepção é positiva, segundo um relatório recente divulgado pela associação do setor. Mas, para isso, o cartão de crédito precisa fazer parte de uma estratégia sólida de gestão financeira. E algumas regras são básicas. Confira mais informações.

Cartão de crédito: identifique os gastos

O cartão de crédito como fator auxiliar na organização de gastos mensais e no controle financeiro foi citado por oito em cada dez consumidores em uma nova pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) em parceria com o Instituto Datafolha.

O dado chama atenção, já que, segundo um outro levantamento, encomendado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 55% dos entrevistados não fazem controle dos gastos mensais com cartão de crédito.

Para não correr o risco de perder o controle, ter clareza de quanto se está gastando com o cartão por mês é algo fundamental, mas nem sempre respeitado. Por isso, uma alternativa é concentrar todos os gastos em um só cartão, segundo os especialistas em planejamento financeiro. Aplicativos de gestão financeira também podem ser úteis. Além disso, é essencial estabelecer um limite nos gastos mensais com o cartão de crédito.

Salário é dinheiro, cartão de crédito é meio de pagamento

Entre os motivos da preferência pelo cartão de crédito verificados no levantamento da Abecs, a facilidade para fazer compras na internet (40%) e a segurança estão entre os mais citados, o que deveria reforçar a mensagem de que o cartão de crédito é um meio de pagamento.

Por outro lado, as dívidas com bancos e cartão de crédito continuam sendo os principais entre os consumidores. Segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas, da Serasa, a taxa de inadimplência alcançou 27,92% em 2023.

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Um dos fatores para o endividamento com o cartão é fazer dele uma extensão do salário, ou seja, como renda extra, diz Thiago Milanez, fundador da K1 Capital Humano Planejamento Financeiro.

“A pior armadilha é uma pessoa que ganha R$ 5 mil e tem limite de R$ 2 mil no cartão de crédito criar um padrão de vida de R$ 7 mil. Para você baixar o padrão de vida é muito doloroso, o que leva a uma tendência de endividamento. Quando a pessoa pede ajuda, ela já está extremamente endividada ou usando um cartão de crédito para pagar outro”.

Para evitar que os gastos saiam do controle, é preciso conhecer quais são e quanto totalizam os gastos fixos mensais prioritários e tentar poupar para uma reserva de emergência. O que sobrar é o que pode ser gasto com o cartão de crédito, comenta o especialista.

Fuja dos juros do rotativo do cartão

Por exemplo, se R$ 1.000 entraram no rotativo, o banco poderá cobrar, ao todo, outros R$ 1.000 em juros e encargos. Desde 2017, uma regra do BC impede o cliente de ficar mais de 30 dias no rotativo. Depois desse período, a instituição é obrigada a oferecer outra linha, com condições mais atrativas.

A Abecs defende que o uso do cartão de crédito não implica, necessariamente, ficar endividado. No monitoramento feito pelo Instituto Datafolha, 87% dizem fazer o pagamento integral da fatura no vencimento, sem entrar no chamado crédito rotativo.

Mas entre aqueles que usam o crédito rotativo do cartão, ou seja, aquele “empréstimo de emergência” usado quando não se consegue pagar a fatura do mês, 80% das pessoas admitem não saber qual a taxa de juros mensal que está sendo cobrada, segundo o levantamento da CNDL.

Sem identificar os gastos mensais prioritários, fica mais difícil saber quanto do dinheiro será possível usar no mês para pagar o cartão de crédito. Por isso, a recomendação de Milanez para evitar o rotativo do cartão, especialmente para quem tem mais dificuldades em organizar o fluxo de receitas e despesas, é usar o cartão apenas na função débito. Profissionais liberais que tenham receita mensal variável também devem considerar a opção, diz.

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