Após superar os impactos causados pela pandemia da covid-19, o sistema de consórcios no Brasil tem demonstrado manutenção na tendência de expansão. Em 2023, o total de cotas comercializadas atingiu 4,14 milhões, o que representa um aumento de 7% em relação ao ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo segmento de bens imóveis, que aumentou sua participação de 16% para 18,6% no total de cotas comercializadas no período de doze meses.
Os dados fazem parte do Panorama do Sistema de Consórcios (PSC), publicado anualmente pelo Banco Central e que apresenta uma análise agregada do segmento. Conforme a publicação, o crescimento de cotas comercializadas foi puxado principalmente pelo segmento de bens imóveis, acelerando a tendência do ano anterior. Foram vendidas quase 768 mil cotas da categoria em 2023, um aumento anual de 24%. Ao mesmo tempo, foram contempladas 102,5 mil cotas ativas, o que representa um aumento de 10,8%.
O valor médio dos créditos em imóveis cresceu 14,6%, chegando a R$ 190,3 mil. No entanto, o prazo médio dos novos grupos constituídos no ano aumentou de 212 para 215 meses. Ao final de 2023, as regiões Sul e Sudeste concentravam 79,6% das cotas ativas de imóveis.
Com o total de cotas comercializadas em todas as categorias, o ano de 2023 encerrou com 10,34 milhões de cotas ativas, representando um crescimento anual de 9,7%. O aumento se deu em quase todos os tipos de bens. Do total de cotas, 1,58 milhão foram contempladas no período, um aumento de 10,2% em relação a 2022.
Do total de contemplações em 2023, 42,6% foram créditos referenciados em automóveis. Apesar da queda na representatividade nos últimos anos, o subsegmento de automóveis manteve-se como o maior do sistema, com 43,5% das cotas ativas, representando uma queda de 1,6 ponto percentual em relação ao ano anterior, mas com um aumento de 5,7% no ano.
No subsegmento de automóveis, foram vendidas 1,68 milhão de cotas em 2023. O valor médio dos créditos em automóveis aumentou 11,6%, chegando a R$ 61,7 mil. Já o prazo médio de duração dos grupos se elevou novamente, passando de 84 para 90 meses.
Cinco estados brasileiros concentram mais da metade das cotas ativas em todas as categorias: São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul.
Em relação aos custos e à estrutura das administradoras, a taxa de administração média do sistema, considerando os grupos novos, foi de 17,95%, representando um aumento de 0,28 ponto percentual em relação a 2022. Em dezembro de 2023, o índice de inadimplência do sistema de consórcios era de 2,54%, mostrando uma queda anual de 0,61 ponto percentual.
O Banco Central é o responsável pela normatização, autorização, supervisão, monitoramento e controle das atividades das administradoras e no cumprimento da regulamentação específica pela Lei 11.795, de 8 de outubro de 2008. Assim, as ações de saneamento promovidas pelo BC ao longo do ano fizeram com que cinco administradoras deixassem de operar. No último ano, 136 administradoras estavam ativas, das quais 130 administravam grupos ativos, uma a mais do que no ano anterior.
Por fim, é importante lembrar que a adesão a um grupo de consórcio se dá mediante assinatura de contrato de participação, no qual devem estar previstos direitos e deveres das partes, a descrição do bem a que o contrato está referenciado e seu respectivo preço, adotado como referência para o valor do crédito e para o cálculo das parcelas mensais do consorciado. O contrato também deve prever o prazo de duração e número de cotas previamente determinados.
Henrique Pazin – Conhecido como “HP”
Assessor de imprensa e redator desde 2012, viajante & workaholic