2024: O ano dos pagamentos sem Pix automático? | Serviços Financeiros

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Um conjunto de inovações para simplificar a rotina de pagamentos dos brasileiros está programado para 2024. Algumas delas já foram lançadas em abril. Outra está prevista para o final do ano: o pix automático. Considerado uma evolução do pix avulso, a funcionalidade está programada para 28 de outubro. No entanto, diversos fatores relacionados ao desenvolvimento do produto levantam dúvidas sobre a data. Isso nos leva a questionar: 2024 será o ano dos pagamentos mesmo sem o pix automático?

O planejamento do pix automático foi impactado por questões internas do Banco Central. Por mais de dez meses, os servidores estiveram em operação-padrão, reivindicando, entre outras coisas, correção salarial e recomposição do quadro funcional. Embora a mobilização tenha afetado a publicação de indicadores econômicos importantes, como o Boletim Focus, ela terminou em abril. No entanto, o futuro do desenvolvimento do pix automático é incerto, como admitiu o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

“Demos um grande passo na experiência do usuário com o início das transferências inteligentes em abril. Seria fundamental termos o pix automático ainda em 2024 para avançarmos, visto que abre portas para uma experiência semelhante ao cartão de crédito, mas com uma nova abordagem pela iniciação de pagamentos”, comenta Gustavo Lino, presidente da Init, a Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos – ITPs, entidade que representa empresas de serviços financeiros e de pagamentos.

O pix automático será útil para agendar pagamentos de serviços recorrentes, como contas de água, luz, mensalidades escolares, mensalidades de academia, streaming, clube de assinaturas, entre outros. Ou seja, o novo serviço é semelhante ao débito automático, porém promete ser mais fácil de usar e mais inclusivo. Lino completa dizendo que o pix automático atenderá uma parcela significativa da população desbancarizada ou sem cartão. Portanto, quanto mais cedo for implementado, melhor para o usuário final.

Com o pix automático, as empresas receptoras poderão debitar o valor do serviço com recorrência definida, seja semanalmente ou mensalmente, desde que autorizado pelos clientes. Além disso, o produto permite estabelecer um limite para o valor da parcela a ser debitada e cancelar a autorização da transação a qualquer momento.

“Acreditamos em uma grande revolução do pix à frente de todos os outros meios de pagamento. Como empresa, também estamos ansiosos por esses lançamentos, pois nos preparamos com alguns desenvolvimentos internos. No entanto, é crucial que essas novidades sejam disponibilizadas para a população da forma correta, com todo o suporte tecnológico e segurança”, afirma Edisio Pereira Neto, fundador da Z.ro Bank, techfin que desenvolve serviços financeiros e processa mais de 50 mil operações de pix por minuto.

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Em uma nota, a autoridade monetária menciona que está trabalhando para reagendar a reunião do Fórum Pix que foi cancelada por questões operacionais e comunicará amplamente o mercado sobre o progresso do Pix Automático.

Atualmente, apenas 8% dos brasileiros afirmam não ter adotado o pix em seu dia a dia, de acordo com a última edição da pesquisa Radar Febraban. O pagamento instantâneo está em sua “primeira versão” e já conta com a aprovação de 95% dos brasileiros, conforme a mesma pesquisa. Os níveis de aprovação em relação ao produto reforçam a ideia de que 2024 já é um ano positivo para o ecossistema de pagamentos.

“Apesar da grande expectativa para o pix automático, este já é o ano do pix. O Banco Central já registrou mais de 200 milhões de transações em um único dia. O pix já se tornou um sucesso, principalmente com o recebimento imediato de contas, pagamentos em jogos eletrônicos e como substituto ao cartão de débito”, avalia Thiago Zaninotti, diretor de tecnologia da Celcoin, infraestrutura financeira.

Caso a “nova versão” do queridinho dos pagamentos seja adiada, Lino mantém sua visão otimista sobre 2024. Ele destaca que a entrada de pagamentos recorrentes e transferências inteligentes demonstra um amadurecimento institucional no open finance, o sistema financeiro aberto, e ambos os produtos são resultado de entregas mais robustas e discussões regulatórias mais claras realizadas até o momento.

“Em nossa análise, por meio dessa agenda de pagamentos, as pessoas terão uma visão mais clara do valor do open finance, seja para usuários individuais ou jurídicos. No entanto, as transferências inteligentes exigirão muitas melhorias e monitoramento é essencial. Não adianta lançar a funcionalidade se a experiência não for satisfatória. Portanto, entendo que 2024 é o ano dos pagamentos e do monitoramento”, declara o executivo.

As transferências inteligentes são operações de transferência de dinheiro automáticas e programáveis, que não dependem da ação do usuário no momento do envio dos recursos. Para usuários individuais, espera-se que as transferências inteligentes sejam utilizadas, por exemplo, para evitar o cheque especial. Através de um comando, o usuário pode estabelecer regras para que, sempre que uma conta entre no vermelho, recursos de outro banco sejam transferidos, evitando o pagamento de juros. Já para clientes jurídicos, que possuem várias contas para gerenciar, o recurso deve ser ainda mais relevante.

“É um caso de uso muito significativo, pois otimiza a gestão financeira. As transferências inteligentes são uma porta de entrada crucial para os clientes PJ no open finance. É uma mina de ouro”, destaca o presidente da Init.

2024: balanço parcial do ano é positivo

A imagem acima é ilustrativa e mostra o potencial de crescimento e evolução dos meios de pagamento no Brasil.

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